Minimalismo mas não levado ao extremo. Este texto do Carlos Drummond de Andrade diz tudo sobre a minha casa:
"Casa arrumada é assim: Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não centro cirúrgico, um cenário
de novela. Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando,
ajeitando os móveis, afofando as almofadas… Não, eu prefiro viver numa
casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de
lugar. Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha. Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado? Mesa sem marca de copo? Tá na cara que é casa sem
festa. E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da
tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela
em que a gente entra e se sente bem-vinda. A que está sempre pronta
pros amigos, filhos… Netos, pros vizinhos… E nos quartos, se possível,
tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do
dia.
Arrume a casa todos os dias… Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo para viver nela… E reconhecer nela o seu lugar."
31.8.16
30.8.16
Minimalismo...
Acho que sempre fui uma pessoa minimalista (antes diria que era "básica" mas resolvi fazer um upgrade seguindo as nova tendências).
Nunca fui pessoa de acumular muito, comparativamente com outras pessoas que conheço, até porque sou um bocado "forreta" e por isso não sou uma consumidora compulsiva. No entanto, sabe-se lá como, continuo a acumular coisas que muitas vezes não preciso, utilizo ou gosto.
Principalmente agora, que tenho uma casa pequena e com pouca arrumação, faz-me confusão não ter onde arrumar as coisas fundamentais, mas ter os armários cheios sabe-se lá de quê.
Pensamos que um dia vamos precisar desse item ou aquele mas depois acabamos por nunca usar.
Talvez por ser setembro dá-me a sensação de ano novo e apetece-me recomeçar o "ano lectivo" com uma vida mais leve e mais simples. Destralhar a casa ajuda a destralhar a alma, mesmo para uma pessoa como eu que nunca foi muito dada à organização e às limpezas.
Por isso, nos próximos tempos, vou simplificar a minha casa e a minha vida, aos poucos, sem radicalismos, sendo um desafio para mim própria mas sem pressões.
Vou criar algumas regras do tipo - se não uso há mais de um ano, vai embora -. Vou largar aquilo que não me dá algum tipo de "alegria" (ler os livros de Marie Kondo) ou utilidade.
Por isso, boa sorte para mim ...
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