Sempre achei que há coisas que são vividas de maneira diferente por pessoas da cidade e por pessoas de sítios mais pequenos. Uma delas é a morte. Ontem morreu o avô da minha melhor amiga e ela estava a dizer que era o primeiro funeral a que teria de ir. Já lhe morreram as outras duas avós e ela não foi ao funeral de nenhuma, apesar de, no caso de uma, ela ter tratado de tudo (desde a escolha do caixão à burocracia) dado que foi de repente e os pais estavam no estrangeiro. No entanto, tenho mais amigas de Lisboa que não vão aos funerais dos familiares. Não estou a criticar, mas para mim era impensável não ir ao funeral de alguém familiar/amigo ou até às vezes conhecido.
Em aldeias e vilas acho que a morte é encarada como algo mais natural, porque desde pequenos estamos habituados a ela. Eu vou a funerais desde pequena... até porque o funeral num sítio menos povoado acaba por ser um acontecimento, toda a gente praticamente se conhece, vai quase toda a terra. Lembro-me de andar a brincar na rua em criança com os meus amigos, vivia relativamente perto da igreja e do cemitério, se víamos passar um funeral, claro que íamos para lá. Por outro lado, se não fosse a um funeral de um familiar, acho que o resto da família me deixava de falar no mínimo. No entanto, mais que isso, faz-me um bocado confusão não acompanhar a pessoa na última hora, afinal é uma última homenagem, é como se se provocasse solidão no morto, morrer desacompanhado. Não sei, é a sensação que tenho.