26.10.10

A morte na cidade e no campo...


Sempre achei que há coisas que são vividas de maneira diferente por pessoas da cidade e por pessoas de sítios mais pequenos. Uma delas é a morte. Ontem morreu o avô da minha melhor amiga e ela estava a dizer que era o primeiro funeral a que teria de ir. Já lhe morreram as outras duas avós e ela não foi ao funeral de nenhuma, apesar de, no caso de uma, ela ter tratado de tudo (desde a escolha do caixão à burocracia) dado que foi de repente e os pais estavam no estrangeiro. No entanto, tenho mais amigas de Lisboa que não vão aos funerais dos familiares. Não estou a criticar, mas para mim era impensável não ir ao funeral de alguém familiar/amigo ou até às vezes conhecido.

Em aldeias e vilas acho que a morte é encarada como algo mais natural, porque desde pequenos estamos habituados a ela. Eu vou a funerais desde pequena... até porque o funeral num sítio menos povoado acaba por ser um acontecimento, toda a gente praticamente se conhece, vai quase toda a terra. Lembro-me de andar a brincar na rua em criança com os meus amigos, vivia relativamente perto da igreja e do cemitério, se víamos passar um funeral, claro que íamos para lá. Por outro lado, se não fosse a um funeral de um familiar, acho que o resto da família me deixava de falar no mínimo. No entanto, mais que isso, faz-me um bocado confusão não acompanhar a pessoa na última hora, afinal é uma última homenagem, é como se se provocasse solidão no morto, morrer desacompanhado. Não sei, é a sensação que tenho.

6 comentários:

Anónimo disse...

Concordo completamente! Para mim também era impensável não ir ao funeral de um familiar mas não critico quem não vai.
Não vivo exactamente numa aldeia mas tb não é um meio mt grande pelo que acaba por aparecer muita gente nos funerais que se calhar nem tinha grande ligação com o morto.
Acho bom as crianças saberem que a morte faz parte da vida.

Kiss kiss

Mami ( Sónia ) disse...

Concordo contigo. Faz-me confusão como é que alguém não se vai despedir de um avô ou de qualquer outra pessoa que tenha sido importante na nossa vida.
Não gosto de ir a funerais mas faz parte da vida,prestamos o nossos respeito quanto mais não seja à família.

Julie disse...

Apesar de concordar contigo, confesso que já deixei de ir a um funeral de uma pessoa muito próxima. Depois foi invadida por uma espécie de arrependimento, aquela era a sua ultima caminhada e era o ultimo lugar que a podia acompanhar...
Também não fui ao funeral de um dos meus avôs, porque eu estava no estrangeiro. Senti-me muito mal, acho que até fez-me falta para poder inciar o luto.

Na aldeia onde nasci e onde vivem os meus pais, a morte/funerais também são vistos da mesma forma que descreveste.

Quando morre alguém os sinos tocam, e esse toque funebre é das coisas que mais me impressionam apesar de o conhecer desde pequena. (Talvez porque eu não lido bem com a morte)

Turista disse...

Krasiva, tens razão, as pessoas no campo lidam muito melhor com a morte e os funerais, pois tal como dizes é um acontecimento, mais ou menos, partilhado por todos.
Beijinhos

Anabela Conceição disse...

Olá,
De facto tens razão. A minha avó faleceu à dois anos e eu estava doente. Como o Gustavo era pequeno, eu estive lá na véspera, naquilo a que chamamos velório, mas no dia do funeral mesmo eu fiquei de cama com o Gustavo.
Apesar de estar doente, hoje arrependo-me de não ter ido e nos dias seguintes só sonhava com aquilo.
Bjs

Ana disse...

Olá!
Tens razão as pessoas no campo lidam com a morte de outra maneira. Eu (não sei se foi de ter que lidar com a morte muito cedo;a minha mãe morreu quando eu tinha 7 anos) só vou a funerais estritamente necessários, como alguém da familia ou muito chegado, admito que não gosto, e aqui as pessoas têm mais tendência em ir para os funerais para falar na vida dos outros
beijinhos