16.1.12

Crianças rejeitadas duplamente....

Ontem vi uma reportagem da TVI que me deixou algo perturbada, sobre a devolução de crianças adoptadas à Segurança Social. Como se devolve uma criança ou adolescente depois de se começar o processo de adopção e de se integrar na família...Pode não haver adaptação, empatia...mas também não devolvemos os filhos biológicos, as ligações constroem-se aos poucos. À partida são crianças que já passaram por muito, já foram abandonadas, maltratadas... e quem se candidata tem de ter essa noção...os meninos não são todos perfeitos, carinhosos, concentrados...como os filhos que se idealizam...
Vou tentar ir ali para um canto pensar mais um bocadinho sobre isto para ver se consigo perceber o ponto de vista destas tentativas de pais...

5 comentários:

Anabela Conceição disse...

Olá,
Eu não vi a reportagem, mas já li alguma coisa sobre isso.
Sinceramente não comprendo. Por muito que me esforce não vejo como é que é possivel fazerem isto, mas infelizmente acontece...

Julie disse...

Eu vi a reportagem e fiquei igualmente chocada. Devolve-se as crianças como se de u brinquedo se tratasse, porque não teve 3 negativas, porque era mal comportado... Eu pensei que o papel destes pais era exactamente trabalhar no sentido de as crianças ultrapassarem este pequenos grandes problemas.
Eu tb não percebi...

Sabi disse...

Olá! Apesar de, infelizmente, não trabalhar (ainda) nesta área, a verdade é que tenho alguma formação neste assunto... As coisas não são preto no branco... Apesar de não ter visto a reportagem, eu sei que a TVI costuma expor as coisas de um ponto de vista mais populista, em vez de explorar as coisas pelos dois lados... É claro que há gente que idealiza crianças e depois se assusta com o que é uma criança adoptada... Mas por isso é que há um criterioso processo de selecção para tentar filtrar ao máximo quem, de facto, é apto para ser pai adoptivo (pois quem é pai biológico, não quer dizer, necessariamente, que vá ser um óptimo pai adoptivo). O período de adaptação é importante, pois é quando se vai verificar se, de facto, há a possibilidade de se estabelecerem os laços de filiação, pois adopção não é caridade, adopta-se para se ter a criança como filho e esses laços afectivos têm de ser possíveis de se estabelecer... Mais vale haver um retrocesso do que haver uma criança a crescer num ambiente em que não é desejada e até rejeitada por não ter sido possível estabelecer esses laços... E algumas vezes são as próprias crianças que se opõem fortemente à adopção (muitas vezes pelo ascendente que os pais biológicos ainda têm)... Nestes casos, também não vai ser possível estabelecer esses laços e, por isso, forçar a adopção não é boa ideia.... agora, claro que nunca é bom a criança passar por inúmeros destes "processos" e depois acabar com uma idade em que dificilmente será adoptada.... O problema em Pt é que ainda não há muito recurso a outras formas de tutela das crianças, como é o caso do apadrinhamento civil, por exemplo, que ajudariam em muito tornar a vida destas crianças em jovens bem mais fácil... Não sei se me consegui explicar bem, mas é só para não verem só o lado dos "monstros" que rejeitam a criança (que existem), mas também que a adopção é algo complicado e que se não se tem a certeza, mais vale não tornar definitiva uma situação quando não se tem a certeza, pois isso também irá prejudicar a criança. Agora, também é verdade que deviam dar, se calhar, muito mais apoio aos pais adoptivos, porque, a não ser que seja um bebézinho, toda a criança adoptada vai passar por uma fase de "provocação" (testar os limites), que pode ser muito muito complicada, sendo que tenho ideia que a maioria doas rejeições acontecem nesta fase...

Anónimo disse...

Isso tem nome... chama-se "Subsidio"...

Anónimo disse...

Olá,
Sou candidata a adopção desde 2008, há 4 anos que espero uma criança, sem preferência de etnia ou"côr" até aos 8 anos.
Por isso, foi com profunda revolta que assisti a esse "cenário triste " em que a própria pretensa mãe adoptiva anuiu sem margem para dúvidas que se se tratasse de um filho biológico não o devolveriam.
As minhas perguntas são :
- Como é possível estas pessoas serem aceites como candidatos, e mesmo depois destas atitudes, continuarem a fazer parte da lista de adopção ?
- Como é que a avaliação é feita destes candidatos ? O "factor económico" deverá ser mais forte do que o querer dar amor e estabilidade a estas crianças ? E se sim, o que está por detrás de tudo isto ? Como é que candidatos de anos "superiores" passam à frente de candidatos "anteriores" ? Que caracteristicas é que estes técnicos procuram em certos candidatos ?

Desculpem o desabafo.
Alguém que anseia adoptar uma criança e que sabe onde se quer meter. Nenhuma criança é fácil. Estas crianças precisam de se certificar que os pais adoptivos não os vão abandonar ou maltratar por isso testam-nos...